segunda-feira, 6 de abril de 2015

Para quem gosta de literatura de cordel, aí está um de Páscoa:
A Flor de Maracujá
Pois entonce, se moço,
Eu lhe conto a história
Que eu vim contá,
Porque rezão nasce roxa
A frô de maracujá.
Maracujá já foi branco
Eu posso inté jurá
Mais branco do que a coiada,
Mais branco do que o luá.
Quando as frô brotava nele,
Lá pelas bandas do sertão,
Maracujá parecia um ninho de algodão.
Mais um dia 
Há muito tempo
Num meis inté que não me lembro,
Se foi maio, se foi junho, se foi janeiro ou
dezembro.
Nosso Senhô Jesuis Cristo
Foi condenado a morrer
Numa cruz crucificado. Longe daqui como quê.
E havia junto da cruz
Aos pé do Nosso Senhô
Um pé de maracujá
Carregadinho de frô.
Pregaram Cristo a martelo,
E ao ver tamanha crueza,
A natureza inteirinha
Pôs-se a chorar de tristeza.
Chorava as foia, nos campos,
Chorava as foia, nas ribeiras,
Sabiá tombém chorava,
Nos gaio das laranjeira.
E a lua, lá na amplidão
Havéra gente de vê-la,
Com seus zóios de neve,
Chorando em pranto de estrela.
E o sangue de Jesuis Cristo,
Sangue pisado de dor,
Nos pés de maracujá,
Tingia todas as frô.
Foi por isso, seu moço,
Que as frozinhas aos pés da cruz,
Ficaram roxa também,
Como o sangue de Jesuis.
Pois entonce, se moço,
Foi anssim que eu vim contá.
Porque razão nasce roxa
As frô de maracujá.

Apresentação da aluna do 2º ano, sob orientação da Professora Cleusa:
https://www.youtube.com/watch?v=BctxbsUKsyA&feature=youtu.be


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